BLOG

31-08 - Bate-papo com dentista: Dr João Batista Gagno Intra fala sobre autotransplante dentário

compartilhe:

A técnica do autotransplante dentário existe há bastante tempo, porém não é tão conhecida. O Espírito Santo tem se colocado no centro onde esse tipo de cirurgia é feita há mais de 30 anos, com alto índice de sucesso e sobrevida dos autotransplantes. Esse procedimento é muito comum em crianças que tiveram os dentes comprometidos por traumas ou cáries, onde o cirurgião dentista retira o dente de um local e transfere para o outro.

O que é autotransplante dentário? 
É a transferência cirúrgica de um ou mais dentes de um indivíduo, para um local, na arcada dentária do mesmo paciente. 

Para quem é indicado?
O autotransplante dentário está indicado quando há ausência de um dente na arcada, que pode acontecer por alguns motivos. Entre eles: cárie; perda por traumatismos dentários; dentes com má formação, entre outros. Em todas essas situações cabe o planejamento e a cirurgia de autotransplante dentário. 

O ES é referência nesse tipo de tratamento?
Aqui no Brasil, o Espírito Santo tem se colocado como um centro onde esse tipo de cirurgia é feita há mais de 30 anos, com alto índice de sucesso e sobrevida dos autotransplantes. 

É um tema muito atual e, sem o uso da tecnologia, no caso a tomografia, é algo bem arcaico. É isso mesmo? 
Sim. É um tema que atualmente tem se destacado, mas ele já é realizado desde a antiguidade. Naquela época, sem protocolos precisos e pouco cuidado com a biossegurança. Mas desde a década de 1950, já há protocolos cirúrgicos e de acompanhamento, que caracterizam um controle cirúrgico adequado. A partir da década de 1970 em diante, começaram-se estudos mais rigorosos e metodologias científicas nos países escandinavos, principalmente a Dinamarca, onde ficou estabelecida a importância da multidisciplinariedade no planejamento e condução dos casos de autotransplantes dentários. Na visão contemporânea, os autotransplantes dentários, seu planejamento e execução, estão intimamente ligados a tomadas radiográficas de alta resolução, para confecção de protótipo em 3D, que facilita muito a cirurgia, diminuindo drasticamente o tempo do dente a ser transplantado fora do alvéolo. Desta forma, há uma diminuição do trauma cirúrgico e de possíveis danos aos tecidos embrionários, que são fundamentais para a cicatrização e desenvolvimento do dente em seu novo sítio. A tecnologia tomográfica, com tomógrafos de maior precisão e a impressão de um protótipo 3D, aumentou a predição do sucesso da cirurgia de autotransplantes dentários.

A qualidade da imagem é importante para um bom desenvolvimento do tratamento?
Por isso a imagem tomográfica é tudo para a impressão do protótipo o mais preciso possível, bem como para o acompanhamento do desenvolvimento do dente e a detecção precoce de quaisquer intercorrências cicatriciais.

Esse procedimento é muito comum em crianças, é isso mesmo?
Para que haja maior índice de sucesso, o dente a ser transplantado deve estar em estágio de desenvolvimento incompleto. Ou seja, o dente já deve possuir coroa formada e no mínimo 1/3 da raiz formada. Isso facilita a implantação do dente em seu novo local. 

Qual a probabilidade de rejeição?
Por se tratar de um transplante de órgãos de um individuo para ele mesmo, não podemos falar em rejeição, pois os tecidos são completamente biocompatíveis. O que às vezes leva a intercorrências desagradáveis são cirurgias conduzidas inadequadamente, descuido com protocolos de biossegurança rigorosos com infecções nas áreas transplantadas, e a má condução e acompanhamento do caso. O índice de sucesso e sobrevida dos autotransplantes está próximo de 90%.

João Batista Gagno Intra - CRO ES 1510
Instagram @joaobatistagagnointra
Facebook - João Batista Gagno Intra Babá